Lembranças

Algum dia do começo de 2016, tarde.
Estava um calor extremo, já não aguentava mais. Assim que cheguei em casa, larguei a mochila ali mesmo no sofá e fui tomar um banho. Ao sair, coloquei um short e uma blusinha básica. Eu estava deitada no sofá com meu gato em cima da minha barriga enquanto meu cunhado, quer dizer ex cunhado agora amigo, me dava conselhos no whatsapp.
- Ele não te merece. Escrevia ele.
E tudo que eu pensava era se eu deveria esquecer ou me arriscar nesse sentimento de bosta que estava me afundando.
- Mas amo ele, droga.
- Quer insistir em quem não valorizou o amor que você deu? Respondeu ele. Eu nem sabia mais o que pensar sobre essa história e nem ao menos sobre o querido do irmão dele, que diz me amar.
Mas que amor era esse que tanto me fazia sofrer?
Costumava ir à casa do dito cujo ainda, pelo fato de ter grande amizade com os familiares. Tentava não me importar com sua presença, mas cá pra nós? Era um bom motivo pra ver aquela cara de cretino que amo.
- Vem almoçar aqui em casa domingo.
- Lú, ele vai estar? Se não, nem vou. Dizia eu com um Q de quem não queria vê-lo, mas se visse não iria fazer muita diferença.
- Pega o ônibus e vem. Disse ele.
Ao mesmo tempo em que não queria causar constrangimentos, queria ver aquele rosto e aqueles lábios que dão o melhor beijo desse mundo, mas como eu gosto mesmo é do estrago, fui.
Ao chegar lá, prometi que não iria perguntar dele, que se lasque.
Mas ao vê-lo, a droga do coração bateu mais forte. A respiração já não era mais a mesma, mas me contive.
- Vamos lá em cima. Disse meu ex cunhado agora amigo, me chamando pra ir ao quarto que tanto estive quando estava com o idiota do irmão dele, que por sinal ainda amo muito.
- Ahhhh, nem vou. Respondi com a memória cheia de lembranças nossas.
Era barra olhar aquele quarto e lembrar-se das nossas histórias. Que saudade bateu.
Lembrei claramente do primeiro dia em que entrei ali, não sabia muito como agir.
Era manhã de domingo, por volta das 11h. Já era quase o almoço. Estava chovendo a havíamos percorrido um longo percurso da praia até a casa dele. Chovia muito e, por sinal, estávamos encharcados. Eu estava com a camisa dele que ele havia me dado pra me agasalhar do frio. Amava vestir as roupas dele, tenho algumas até hoje.
Tiramos aquelas roupas molhadas e nos secamos. Fiquei com vergonha.
Depois ele pediu que eu ficasse a vontade no quarto dele. Ainda era estranho pra mim.
Deitamos na cama de lençol azul e nos enrolamos com um edredom lilás de camurça que eu passei a amar com o tempo.
Estava com a cabeça no peito dele e me sentia abrigada em meio ao nosso amor.
- Eu te amo. Dizia ele enquanto acariciava meus cabelos ainda molhados da chuva
- Também te amo. Respondi com um sorriso tímido, mesmo sem ele ver.
Ficamos por horas ali naquele aconchego de carinhos.
Ao cair da noite, descemos pra jantar. Ele esquentou nossa comida e depois saímos.
- Vitória, tô falando com você! Dizia meu ex cunhado num tom de alerta. Eu havia me perdido no meio das lembranças, e que lembranças…

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