Ao redor

Uma vida, inúmeras histórias.
Esses dias me peguei observando os rostos das pessoas e tentando traduzir os sentimentos que elas traziam consigo. É o “boa noite” cansado do motorista, que não sabe quantos minutos faltam para completar aquela viagem. A jovem que passou do ponto na volta da faculdade, sem saber o que pesava mais: a mochila repleta de livros ou as cobranças dos pais que querem que ela seja aquilo que ela não é. A mãe que acorda em cada curva que o ônibus faz e aproveita para observar se ainda está sendo capaz de segurar o filho e as sacolas ao mesmo tempo. É ver aquele homem com o semblante cansativo depois de um longo dia de trabalho e pensando como fazer para tentar driblar o sistema que corrói o homem. A moça com os olhos fixos na tela do celular e o sorriso ao ouvir que chegou uma notificação nova (alguém deve estar fazendo-a feliz). Os múltiplos olhares voltados para a janela de quase todos os passageiros ao ver um morador de rua. Mas será que eles sabem os motivos de ele estar ali? O temor e o medo da mulher que desceu sozinha em uma rua com pouca iluminação traduzem a triste realidade da insegurança nas cidades. A indignação e vergonha nítidas no balançar da cabeça do senhor que não pôde sentar-se por tamanha falta de educação e gentileza das pessoas. É incrível como os olhares e os pesos das pálpebras podem nos dizer o que palavras não seriam capazes.
O ser humano é egoísta demais ao ponto de achar que é capaz de julgar o que o outro é. Será que ele sabe tudo o que passa por trás de cada pessoa? De cada coração? Será que ele sabe a dor que o outro traz e as mágoas que tenta deixar pra lá? Será que ele reconhece que, cada pessoa traz consigo uma história diferente? Ou melhor, várias histórias? 



Idade é número

Os números não podem jamais limitar a arte do amor. Quando você ama alguém, seja mais novo ou mais velho, seja lá como for, não impede que a dimensão do sentimento seja infinita. Afinal, “alguns infinitos são maiores que outros”.
Rótulos acabam proporcionando bloqueios que nos impedem de ser feliz. Alguns anos fizeram com que eu pudesse enxergar que, para o amor, não tem dia nem hora marcada, muito menos esse lance de idade. Mais novo? Mais velho? A reciprocidade é o que nos faz viver e ser felizes.
Com você entendi e aprendi a viver melhor dessa forma. Parceria; amor mútuo; afeto carinho e aconchego encontrei em você. Todo seu jeitinho me traz paz e me faz entender a cada dia que, independente de uma data diversa, o sentimento é o mesmo ou até maior que a diferença entre as nossas idades. É sintonia mútua; enxergar o mundo por outros olhos e sentir coisas como nunca se havia sentido, ou sentindo mais uma vez. O amor é assim. Não deve haver rótulos, regras, nem idade. O que vale é simplesmente AMAR.


Existem 3 idades: a biológica, a fisiológica e a psicológica. A biológica é a tua idade cronológica, é a idade que você realmente tem. A fisiológica é a idade que você aparenta ter, é a que os outros te dão. E a psicológica é a que você se propõe a ter, é a tua maturidade. Não ter a mesma idade biológica não quer dizer nada, pois vocês podem ter o mesmo nível de maturidade. Outra coisa: independente da idade, muitas pessoas se apaixonam pela personalidade de uma pessoa e, para mim, personalidade não tem idade. E isso explica porque pessoas de idades tão diferentes se conectam e se entendem. Havendo respeito e afeto mútuo na relação... o resto é apenas RESTO! 

Ouriço


"É essa mania minha
de olhar pro céu,
com a cabeça ao léu,
voando sem asa.
Vez ou outra esbarro
nos móveis da casa
E outra vez tropeço
nos próprios caminhos."


Caminhos esses que não se cruzam nunca. Quando vamos nos permitir sermos um do outro? Olhando pro céu com o pensamento lá em você. Faço de cada estrela uma memória nossa e eternizo os momentos em constelações.
Quanto aos teus espinhos, faço deles flores para preencher o jardim do meu coração. Meu amor é todo teu.
Tem dias que a solidão me desnorteia e, no meio da casa, fico imaginando como seria se estivesses comigo. Que audácia tu tens de simplesmente ir.
Em alguns dias a tristeza pousa em meu ombro como uma borboleta em dias ensolarados, iguais aqueles que passávamos juntos e o amor nos consumia por igual. Que covardia essa essa tua de ser tão injusto conosco. Como fostes capaz de abandonar nosso amor da mesma forma em que os pássaros abandonam seus ninhos na troca de estação?
Tropeça no teu orgulho e cai nos meus braços. Transforma esse teu mar de incertezas em caminho de esperança. Vem colorir meus dias cinzas com as cores do teu sorriso.
Tu é rosa que floresce na tempestade do meu coração. Que descuido meu pisar nos teus espinhos.

Ansieadade aos meus olhos

Olhos rasos d'água e a ansiedade está me subindo a cabeça. Minhas pernas vão pra lá e pra cá numa velocidade incalculável, nem sei como consigo. Sabe aquele ditado que "tô soando igual pano de cuscuz"? As minhas mãos estão mais ou menos assim. Parece que os minutos nunca passam e eu tô no mesmo dia há anos. Tudo deve estar passando devagar demais, nada muda. Tá me agoniando esperar mais um dia ou dois. Os ponteiros não saem mais do lugar e eu já tô com o coração acelerado demais em vista do normal. Tô procurando terra pra pisar e ficar firme. Que ansiedade horrível. Quem nunca se sentiu assim? Antes de uma prova, minutos antes de saber um resultado de exame, dias antes do casamento ou antes de um primeiro encontro? A vida é construída de momentos e, em muitos deles, sempre tô apreensiva por algo. Que diabos é esse coração todo acelerado e as pernas bambas? Parece que a espera vai me matar. Algo tá me sufocando. Tem tratamento né? Conto até 10, mas, indo do 7 pro 8 eu já cansei e perdi a paciência. É covarde, é frustrante é barra.
É quando a mão gela e o coração dispara. É ter medo do que está por vir. Receio da chegada e da saída. Ansiedade é quando os dedos se entrelaçam uns aos outros ao ver os ponteiros do relógio mudar de lugar. É medo da espera. É na hora de se declarar, na hora de se decidir, despedir. É tremer na base. É quando a respiração te deixa na mão. É quando pensamos em desistir no último milésimo do segundo. Ansiedade é aquilo que nos impõe a dar dois passos para trás quando deveríamos estar a cinco à frente. Enxergo a ansiedade como uma vilã. Ela consegue estragar bruscamente momentos que deveriam ser apenas de espera. Nos empurra para um oceano de incertezas e dúvidas que deveriam ser as respostas.
Ansiedade é algo que nos fere e machuca demais. Parece bobagem, ás vezes as pessoas até falam que somos dramáticos ou são coisas da nossa cabeça, mas, só quem sente sabe!

Tempo que se vai

Quando será que vamos notar que o tempo não para nunca? O tempo tá indo embora e nós estamos esperando nossa vida mudar. Estamos pensando que o amor vai vir bater na nossa porta para que possamos ser felizes. Estamos vendo o amor das nossas vidas sendo felizes com outras pessoas e estamos com os braços cruzados esperando que algo ao nosso favor aconteça. Acho que estamos parados totalmente no tempo enquanto ele está passando rápido demais.
O orgulho anda nos consumindo. Sentimos falta da pessoa e não conseguimos ir atrás por medo do que ela vai pensar, ou se vamos virar chacota. A saudade fere de uma maneira avassaladora. Inclusive, tô morrendo de saudade sua.
A gente sente falta sim, mas o mundo nos impõe a ser duros. Duros com o outro, consigo mesmo. Quando é que vamos acordar? Enquanto você tá ai lendo, minutos já passaram pra tomar uma decisão. Não vamos mudar nunca. Estamos sendo egoístas demais com o amor. E a vida é uma só. É uma única oportunidade que temos de escrever e viver nossa própria história.
Vamos nos importar sim. Nós queremos. Todos querem. Eu, você, ele, ela, aquele ali. Todos tem uma história. A maioria tem um amor. Seja de infância; de escola; de ônibus; de faculdade. Temos um amor e temos que vive-lo. Quando é que vamos acordar? Eu sempre me pergunto. Quando vou tomar uma decisão, quando vou fazer minha própria história. Mas ainda sim, o medo me oprime. Eu odeio sentir medo. Queria abominar esse sentimento. Porra, temos medos de ser felizes. Temos medo de mandar uma mensagem perguntando como o outro está. Temos medo de ligar e ele não atender. De falar o que sente e ir por água abaixo. Sentimos medo do outro. Por mais que não pareça, nós sentimos sim medo do outro. Temos medo de que o outro possa ser feliz com alguém que não seja nós. Isso dói demais. A pessoa que era o motivo da sua felicidade, tendo outra como alicerce. É como se fôssemos inúteis e incapazes de cuidar de um amor. Se tudo fosse mais simples, nada assim estaria. Nós somos covardes, essa é a mais pura verdade. COVARDES. Nós estamos deixando as pessoas irem e não estamos fazendo nada. Vamos ir atrás sim. Nós somos idiotas por ficarmos parados e não por demonstrar.
E o tempo ainda vai passando e não estamos sendo capazes de cultivar o nosso amor.
Chega de viver de promessas. Vamos bater o pé e cumpri-las. Eu prometi amar-te pro resto dos nossos dias, e ainda com todos esses impasses, eu a cumpro da minha maneira.